quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Oficina número 7


            Na sociedade atual, muitos cidadãos acreditam que existe uma democracia racial em nosso país, ou seja, um convívio harmonioso e pacífico entre as raças. No entanto, essa ideologia está equivocada, se mostrando apenas como um tipo de propaganda estrangeira.
            Gilberto Freyre, um dos autores do século passado mais influentes sobre esse assunto, é, em sua grande obra “Casa Grande e Senzala”, o primeiro a descrever as três “raças” que compunham o povo brasileiro. Porém, em toda a obra, a convivência entre as três “raças” é vista de forma idílica quando, de fato, o que se teve foi uma grande exploração de um grupo étnico por outro, sendo aprofundado e apropriado pelo capitalismo. Essa exploração ocorre até os dias de hoje, mesmo que de forma implícita.
            Por mais que agora o preconceito racial não ocorra como antigamente, ele ainda aparece atualmente em entrevistas para trabalho, por exemplo. Um candidato ‘branco’ tem mais chances que o ‘negro’ de ser aceito, além de, na maioria dos casos, possuir uma formação escolar e profissional superior, com direito a possuir diplomas de línguas estrangeiras, como o inglês e o espanhol.
            Vários autores foram responsáveis pela criação, crítica e disseminação dessa errônea ideologia. Carlos Hasenbalg foi um deles que criticavam a democracia racial. Diferenciava a democracia que ocorria aqui com a estadunidense. Também dividiu ela em dois pontos: O primeiro deles é o embranquecimento, ou ideal do branqueamento, entendido como um projeto nacional implementado por meio da miscigenação seletiva e políticas de povoamento e imigração européia. O segundo é a concepção desenvolvida por elites políticas e intelectuais a respeito de seus próprios países, supostamente caracterizados pela harmonia e tolerância racial e a ausência de preconceito e discriminação racial.
            De acordo com Thomas E. Skidmore, a teoria do embranquecimento foi baseada na crença da superioridade do tronco étnico caucasiano. Florestan Fernandes complementa o pensamento afirmando que o ideal da miscigenação era tido como um mecanismo mais ou menos eficaz de absorção do mestiço. O essencial, no funcionamento desses mecanismos, não era a ascensão social de certa porção de negros e de mulatos, nem a igualdade racial, mas, pelo contrário, a hegemonia da raça dominante.
            Em síntese, a democracia racial na sociedade atual é tão idealista quanto no século passado. Parece que a ideia não possui uma grande probabilidade de desaparecer e continuará servindo como propaganda internacional. O que pode ser feito é apenas lutar para a conquista de direitos iguais a todos os cidadãos, independentemente de sua etnia.
Gilberto Freyre
Florestan Fernandes

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